"Les tableaux sont effrayants, les principes sont perverts, les conséquences sont terribles, et c'est pourquoi nous avons écrit. S'il est dangereux de parler, il serait perfide de se taire." Jean-Pierre Louis de Luchet
27 de Novembro de 2010

 

 

 

Nascido na Polónia, mas convertido em real súbdito de Sua Alteza Com Mais Baixos Que Altos - Vitória - Joseph Conrad encontrou o esplendor literário com Heart of Darkness. Obra-prima que influenciou alguns anos mais tarde Faulkner e afins. A trama passa-se no Congo belga e o grande novelo narrativo passa por três grandes dimensões: as sempre inóspitas paisagens africanas, a exploração do elo mais fraco da sociedade, no caso empreendida pelos colonialistas europeus, e a crueldade e frieza das atitudes humanas.

 

Extrapolando as meras intenções inexistentes em Conrad, podemos afirmar que o escurecer celeste, que se transforma em sombra do enredo desde as linhas iniciais, é demonstração cabal de um pessimismo inerente à própria existência. Dir-se-ia que a própria experiência adquirida, por vezes travestida pela força do vocábulo maturidade, transcende o homem para o baú escondido no sótão do seu conformismo. O próprio resgate de Katz permite inúmeras analogias com o grande escape que se perpetua entre os poderosos prevaricadores deste nosso mundo. Mais e mais global. Menos e menos esperançoso.

 

Leopoldos ainda os há. Mais sinuosos, menos extravagantes. Apreciam as Caimão e esquecem os adornos feitos de membros decepados de corpos de nativos. Evolução, dirá o incauto e sempre desprendido leitor. Ardilosos, digo eu. Mudam-se os tempos, alteram-se algumas vontades e permanece a arquitectura social, transversal a todas as sociedades e circunscrições geográficas. Um pouco à semelhança do jovem traquina, que julga estar perante uma nova bicicleta, após breve pintura de cores garridas. Inevitável? No cinzento do firmamento, sinto-me tentado a responder afirmativamente.

 

O lapso de Conrad, intencional ou não, foi o epílogo incompleto. A minha verve sonhadora leva-me sempre à segurança de um amanhecer inexorável, independente de tempestades transactas. A roda do progresso prossegue, por vezes abrandando perante as eternas pedras de tropeço que a própria natureza humana persiste em colocar no trilho de uma História mais bela do que muitas penas ousam escrever.  

coagitado por Daniel Martins às 12:16
22 de Novembro de 2010

Na próxima quarta-feira, milhares de "malandros que não querem trabalhar" (adicionar um ligeiro sotaque queque na leitura dos vocábulos entre aspas) sairão para a rua em protesto contra as draconianas medidas anunciadas pela junta de salvação dos mesmos de sempre: PSD e PS. O amorfismo que tolhe o discernimento de milhões tem necessariamente que ter um fim. Mais não seja, porque nesta realidade em que nos inserimos, todas as aparências e evidências desaguam num inevitável destino. Que hoje, ou quarta-feira, seja o dia!

 

Aqueles que persistem em camuflar o seu receio ou conformismo com a suposta inutilidade do grito de protesto não sairão vencedores. Tal como vencedores não sairão os que no trono de marfim persistem em perpetuar a estrutural pilhagem dos recursos de todos. Gosto de acreditar e não fujo do sincero lirismo, como se o apelo de voz inquieta pudesse despertar supostos deuses. Ou o mero sentimento geral de humanismo e de justiça. Vozes de burro não chegam aos céus, garante do outro lado da mesa alguém que no Restelo encontrou a última idade. De onde, em bom abono da verdade, nunca saiu.

 

Paremos e lutemos. Os incómodos infligidos em causa própria são incontornáveis, porém microscópicos se comparados com a conta que vai ainda e sempre chegar na volta do correio. Ápices chegam em que sou assolado por imparável vontade de agregar vozes e essências nesta sempiterna luta pelo que é inato ao ser humano: os sentidos de comunidade e de solidariedade. Razões que bastam. E tantas outras. Lá estarei.

coagitado por Daniel Martins às 20:50

A Grécia pediu ajuda ao FMI para estabilizar as suas contas públicas, agora é a vez da Irlanda ter a ajuda da Europa e da Inglaterra. E Portugal será o próximo a pedir ajuda? Muitos especialistas da nossa praça, dizem que já o deveríamos ter feito, outros dizem que não será necessário...eu penso que talvez aconteça, tal vez não.

 

O FMI é melhor amigo da Europa. Esta poderia a frase de um slogan de uma campanha publicitária de uma empresa de crédito. E como clientes, esta semana teria de fazer uma melhoria no seu site: Irlanda.

 

O seu primeiro cliente foi a Grécia, na primavera, e durante 3 anos terá uma politica de austeridade para atingir a credibilidade nos mercados e melhorias na sua economia. Agora, temos a Irlanda, uma economia que sempre foi dada como um exemplo a seguir, pela sua empolgante saúde.

 

Assistimos a uma pressão para que Portugal seja o próximo cliente do FMI, mas a verdade é que Portugal tem um dos melhores sistemas bancários, e que resistiu ao subprime e aos produtos tóxicos que indundam muitos dos bancos europeus. Contudo, a credibilidade no nosso País perante o exterior é péssima e a confiança tremida. Exemplo disso, são as dificuldades de acesso ao crédito por parte do Estado e dos Bancos e consequentemente junto das familias.

 

Mas o FMI não tardará a aparecer e a audar Portugal com o empréstimo de dinheiro, por foça da falta de crédito e pressão dos mercados internacionais.

 


coagitado por Pedro Bras às 12:10
19 de Novembro de 2010

coagitado por Daniel Martins às 09:36
17 de Novembro de 2010

coagitado por Daniel Martins às 13:12

 

 

O Alves veio falar comigo, em busca da sua bisemanal semanada, que lhe institui há algum tempo, num acordo tácito e sem palavras.

 

- Cortaste o cabelo, Alves. Estás com bom aspecto.
- Vai caralho - respondeu o Alves, virando-me as costas.

 

O Alves é o denominado sem-abrigo, dorme na rua, vive na rua, mas não admite confianças. Provavelmente porque tresandam a paternalismo e ele é uma criatura cheia de dignidade e ciente do seu espaço. Não vende o que é. Mas teme.


Um dia, uma colega cumprimentou-o e ele respondeu, desabridamente:
- Conhece-me de algum lado?


Ela pediu desculpa, e nunca mais o fez.
O Alves não fala com ninguém. A única pessoa a quem o Alves permite um arremesso de intimidade sou eu. Nos curtos diálogos que travamos, responde-me sempre com uma  voz estranhamente baixa e cavernosa. Uma voz que parece vir de muito, muito longe.
De um mundo remoto, onde se perdeu dos restantes seres viventes. E dele próprio.


O Alves dói. Dói-me ainda mais no tempo frio e nas noites de chuva. É uma dor toda feita de impotência. Aliás, é uma pré-dor, como uma leve agrura, que nos avisa que um dente se prepara para nos dar problemas sérios. Indago-me amiúde sobre o móbil da minha preocupação. Será por desinteressado humanismo? Impotência perante a incongruência de toda esta película de série B? Momentos surgem em que me vejo na pele dele. Talvez o faça por isso. Amizade, pela certa.


Sei o seu nome, graças ao senhor Manuel da taberna onde costumo almoçar, que o conheceu na noite dos tempos em que ele falava e vivia no bairro, numa casa como toda a gente. E andava pelos bares, bebendo nada. Parece que quando a mãe morreu, ele ficou sem casa e sem capacidade de se reger pelas nossas regras de vida. Há cerca de dez anos. Foi utente de vários estabelecimentos prisionais e ninguém lhe conhece familiares.

 
Nos tempos em que falava era um homem altivo, grande e bem constituído, bonito e assustador. Uma espécie de viking de cabelo louro desalinhado, que já olhava o mundo com bastante desprezo. Agora é um velho curvo e só. A rua transformou-o, ano após ano, num vagabundo enorme, gordo, silencioso, uma figura apocalítpica de cabelos emaranhados, barba cerrada, que vê televisão diante das montras de um qualquer café de Alcântara, sempre acompanhado da sua estimada bengala.

 
Não pede esmola. Nunca.


Às vezes encontro-o sentado nos degraus da igreja ou na entrada do parque de estacionamento. Nessas alturas, parece-me o hóspede desconhecido, esse deus oculto num farrapo quase humano, que vigia a nossa humanidade ou a falta dela, pela forma como nos comportamos.

 

 Dou-lhe um cigarro, estende-me o isqueiro. O apogeu desta hora de almoço durou os exactos cinco minutos que as labaredas demoraram a consumir o invólucro de papel. Sorrimos. Amanhã? Who gives a damn?

coagitado por Daniel Martins às 13:02
12 de Novembro de 2010

Uma iniciativa tua, da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Talento sobre o empreendedorismo social. Para os emigrantes portugueses.

coagitado por Pedro Bras às 17:05
08 de Novembro de 2010

Ontem, o Benfica perdeu com o eterno rival FC Porto. Até aqui, nada de estranho, uma vez entre os grandes...um clássico é um clássico. Antigamente até havia quem dissesse- normalmente aqueles comentadores desportivos como Gabriel Alves- que ganha o mais fraco. Pois bem...ontem se  fossemos seguir essa teoria teria que ser o Benfica a ganhar...e pelos mesmos 5 golos que sofreu, tal não foi a fraqueza com que se apresentou no inicio do jogo.

 

De ontem, apenas podemos concluir uma coisa...o Jorge Jesus é teimoso: nem depois de Liverpool e Supertaça aprendeu que o David Luiz à esquerda não funciona.

coagitado por Pedro Bras às 19:03
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Li por acaso e adorei..
Claro que à esquerda não há extremistas. Sempre a ...
Danny, ganha juízo, pá
Temos os líderes que merecemos.
Não me ocorre nenhuma maneira melhor de passar um ...
Mas quando?
Gosto das ideias, mas deviam rever o grafismo do b...
Gostei! Continua assim, indomável...
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