Após uma leitura de Rancière mais transversal do que o desejável, surgiu-me um daqueles eurekas! que nem a Mefistófeles lembram: a democracia é o espaço de litígio que caracteriza a época - apesar de tudo...- estética em que vivemos. Orfã de Deus (graças ao próprio conceito) e de paradigmas dogmáticos, tem no ser cerne um conjunto de forças de pensamento, de emotividade, de sensação e de acção, cujo desfecho é necessariamente incerto. Não sendo variáveis determinantes a acrítica maioria ou eventuais consensos publicitários. Tempo de voltar ao demos e deixar por momentos a cracia sossegadita. Ouçamos. Sigamos a anatomia, que sabiamente nos aponta a humana característica de nascermos com dois pontos e audição e apenas um de verbalização.