O fenómeno recente numa economia global cada vez mais dependente de El Dorados é o chamado CIVETS. Resumindo o que daria direito a uma verdadeira dissertação macroeconómica, o referido acrónimo refere-se à nova elite de países emergentes. Colômbia, Indonésia, Vietname, Egipto, Turquia e África do Sul tomam assim o lugar até aqui pertencente aos então denominados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Enquanto "investidores" dos quatro cantos do mundo se acotovelam para garantir a sua parte do anunciado quinhão, impõe-se uma reflexão sobre os reais benefícios de semelhante denominação para as populações das circunscrições geográficas em causa.
Se o fenómeno Lula da Silva conseguiu mitigar desigualdades resultantes da "established" realidade económica, o mesmo não poderá ser dito no que toca aos restantes países que foram "iluminados" pelos focos económico-mediáticos. Na realidade, russos, chineses e indianos, pouco ou nada viram como resultado do "boom" a que supostamente foram sujeitos. Baseando-se em rudimentares regimes democráticos (ou menos do que isso, no caso chinês), a expansão económica que tem guiado estes países tarda em bater à porta da generalidade dos lares dos cidadãos.
Baseando-se em perspectivas de lucro a curto prazo, as políticas económicas prosseguidas em todos estes casos estão longe de assegurar a redistribuição de riqueza que deve balizar qualquer perspectiva futura. A miséria continua a pontuar as ruas de Bombaim, Pequim ou Moscovo, enquanto meia dúzia de políticos ou financeiros se regozija pelos dividendos gerados. Idealista será epíteto de vã ofensa e a verdade é que cada vez mais se coloca um gigante ponto de interrogação sobre o modelo socioeconómico de que todos, com maior ou menor dimensão, dependemos. Métricas pouco condignas ,como o PIB, limitam os horizontes globais. Enquanto não for adquirida a consciência que claramente nos indica que não é este o trilho da dignidade humana, não poderemos alterar edifícios de papel que continuam, ainda e sempre, a sedimentar as nossas sociedades.
Respiramos modelos de crescimento importados de tendenciosos fazedores de opinião e ainda não adquirimos a coragem necessária para descortinar o expectável resultado das posologias de sempre. Impõe-se mudança. Como? Não ouso afimar, mas diria que uma divisão aritmética dos lucros eproveitos gerados pela generalidade de uma dada população será um bom ponto de partida. Naturalmente, a minha opinião é condicionada por uma certa liberdade. Tão minha, que é de todos. E o "p"? Quando fará parte de any given acrónimo? Só aceito resignação se confrontado com um "h". De humanidade.