Escuto as garantias de crescimento económico, transmitidas pelo realmente simpático e ligeiramente anafado Vieira da Silva. Minutos depois a caixita que ainda e sempre seda o mundo informa-me que o FMI garante uma recessão da economia, que inevitavelmente aterrará na Portela em 2011. Não sei o que passará na mente do leitor perante o antagonismo destas novidades. Na minha mente, ecoa apenas uma ideia: Bertrand Russel e o seu "profundo oceano de angústias". As limitações da própria lógica - e da razão... - que são expressas pelos paradoxos que ela própria construiu. A única bóia de salvação transforma-se subitamente no nosso naufrágio. Pergunta agora o leitor: e o que é que essa lenga lenga tem a ver com o simpático ministro e com a já entediante crise? Responde este diletante: emaranhados de irrazoabilidades económicas que se encontram presas no beco que as originais ideias construiram. Com a mesma lógica de sempre, não saimos da cepa torta. O colapso de todas as certezas devia estar à vista de muito boa gente. Todavia, ficam-se pelo oceano de angústias, onde nos afundam. Imposto após imposto.