"Les tableaux sont effrayants, les principes sont perverts, les conséquences sont terribles, et c'est pourquoi nous avons écrit. S'il est dangereux de parler, il serait perfide de se taire." Jean-Pierre Louis de Luchet
30 de Setembro de 2010

Max Weber falou do termo há uns quantos anitos. As draconianas medidas anunciadas ontem, mas há muito esperadas, são reflexo deste fenómeno. Não quero com isto defender um caminho despesista ou o descontrolo das contas públicas. Todavia, enough is enough, e é tempo de colocar numa prateleira os pontos de interrogação e sair para a rua. Basta!

 

O anúncio de cortes salariais para a função pública, de redução das prestações do Rendimento Social de Inserção, de abolição do abono de família para famílias com rendimentos acima dos 643 euros, entre outras medidas de igual estirpe, constitui um ataque sem paralelo à essência da democracia e da sociedade portuguesa. Quem, a título de exemplo, adquire submarinos a preço exorbitante e simultaneamente ataca os sectores mais desprotegidos da sociedade, não é merecedor do epíteto de socialista e  preenche os darwinianos requisitos de predador.

 

A solução apresentada é fórmula gasta e não resolve minimamente os problemas dos dias que correm. O aumento das receitas através do IVA, sem a devida revisão dos escalões do referido imposto, revela o desespero de quem nos governa. A simples criação de um escalão adicional para bens de luxo, na ordem dos 33%, representaria para o erário público uma receita estimada de cerca de 400 milhões de euros (mais do que a poupança estimada com o corte nas transferências do Estado para o Ensino e para os subsectores da administração pública).

 

Incomoda de igual forma verificar as difusas e nada concretas medidas dirigidas ao sector financeiro (que em muito contribui para a situação em que se encontra o país), sobretudo quando comparadas com as bem concretas e definidas medidas impostas à generalidade da população. Para quando equiparar a taxa de IRC aplicada à banca à taxa aplicada às restantes empresas? Valor estimado de receita de semelhante medida: 3,2 mil milhões de euros. Leu bem. Não seria necessária qualquer medida adicional. Poder-se-iam extinguir simultaneamente uns quantos institutos, fundações e empresas públicas, reduzir uns quantos gabinetes e eventualmente substituir flores naturais por flores artificiais. Daquelas baratinhas, que se vendem num qualquer chinês. O protocolo cumpria-se e poupavam-se mais de 600 mil euros...

 

Survival of the fittest? Não! O ser humano transcende a evolução. Por isso somos....humanos.

coagitado por Daniel Martins às 09:31

Hoje O Governo anunciou as medidas destinadas a reduzir o défice do Orçamento de Estado para 2011. Apesar de socialista não posso deixar de comentar tais medidas em particular o aumento do IVA para 23%. Mas observemos as medidas: do lado da despesa as ideias apresentadas parecem fazer sentido, no entanto, pergunto se não deveríamos fundir empresas públicas? Não temos empresas públicas a mais? Penso que aqui ficou algo por fazer...talvez pensando no PEC 4.

Olhando para a receita preocupa-me a forma como irá ocorrer. Continuamos a rever os beneficios fiscais e agora aumentar em 2% o IVA. Esta medida irá fazer com que a economia retraia, as pessoas irão consumir menos pois os produtos irão ficar mais caros e os salários não sofrerão aumentos significativos.

Tudo isto para que o governo português atinga as metas para as finanças públicas em 2010 e 2011, respectivamente de 7,3% e 4,6% do PIB para o défice orçamental.

coagitado por Pedro Bras às 00:29
29 de Setembro de 2010

Piquetes de greve envolvem-se em confrontos com a polícia madrilena, os dois aeroportos de Bruxelas estão cheios de passageiros que ficaram em terra devido à greve dos controladores aéreos belgas e a própria capital do reino sonhado por Schuman se prepara para assistir a uma histórica jornada de protesto, encetada por trabalhadores dos quatro cantos do Velho Continente.

 

A austeridade que tem norteado as medidas tomadas por velhos líderes de um continente que se quer renovado começa a fazer-se sentir no quotidiano de todos aqueles que se posicionam nas mais baixas posições da grande cadeia alimentar que é toda e qualquer sociedade. Enquanto se retiram comparticipações  nos fármacos para a população idosa de mais baixos rendimentos, decide-se avançar para a aquisição de novas viaturas anti-motim para a PSP. Quando a GNR tem essas viaturas estacionadas na garagem. Por terras gaulesas, um determinado baixote decidiu divergir atenções de uma injusta reforma do sistema de pensões ao expulsar indiscriminadamente elementos de determinada etnia, que por acaso até são cidadãos de um país membro da grande e sonhada União.

 

O povo começa a sair à rua. Lições que já deviam ter sido estudadas. Não são os princípios, nem os líderes, que mobilizam os protestos de uma cada vez maior fatia da população. É o tempo que corre. Como dizia Proudhon.

coagitado por Daniel Martins às 08:37
28 de Setembro de 2010

Então não é que o tão alarmante e polémico relatório anual da OCDE sugere que as restritivas regras de acesso ao subsídio de desemprego carecem de urgente reforma, de modo a permitir o acesso de um exército de pessoas que por ora a ele não acedem, em função de um histórico de de precariedade laboral?

coagitado por Daniel Martins às 09:20

Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o mortimor do meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attachi-case' sai a solução!

FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI Panegírico, pro-lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

coagitado por Daniel Martins às 09:17
27 de Setembro de 2010

Em semana de champions hoje foram dados a conhecer os jogos da Taça...e é caso para dizer que a festa da taça irá começar para as equipas grandes.

O Porto joga com o Limianos, que irá dar uns queijinhos aos jogadores do Porto para ver se estes se esquecem de jogar futebol e haja festa do queijo.

O Benfica joga com o Arouca, acabadinho de subir à Liga Orangina, e o Sporting teve o azar de jogar na Aroeira contra o grande Estoril. Por último o Braga vai jogar a Sintra, no 1º Dezembro onde se espera que os travesseiros sejam úteis e que conservem o clube de Sintra na festa da Taça.

 

Aguardamos os resultados.

coagitado por Pedro Bras às 18:19

"Liquidate labor, liquidate stocks, liquidate the farmer, liquidate real estate. It will purge the rottenness out of the system. People will work harder, lead a more moral life."

coagitado por Daniel Martins às 09:52

Perante a perspectiva de se apresentar a eleições perante um país gerido "duodecimalmente", o homem de Boliqueime apressou-se a convocar a panóplia de partidos com representação parlamentar para um pequeno "tête à tête" em Belém. Imagine o leitor a argumentária do homem que nunca se engana e que raramente tem dúvidas num eventual cenário de caos durante a campanha eleitoral. Eleito pela austeridade da figura e por supostas doutas qualidades enquanto economista, Cavaco veria o seu "balão" esvaziar. Sócrates, que tem pesadelos povoados por figuras alegres a desembarcarem perto do Padrão dos Descobrimentos, certamente dará uma ajudinha. O rapaz que tem um altar de Mankiw na sua conveniente casa de Massamá, também não quer abrir mais brechas num partido que entrou em ebulição com as primeiras notícias de descida nas sondagens. Fait divers enquanto não se alcança um entendimento anunciado.

coagitado por Daniel Martins às 09:16
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26 de Setembro de 2010

coagitado por Daniel Martins às 12:22

Os galhardos rapazes da berrante camisola venceram na Madeira com toda a justiça. Gostei da equipa e sinto que a história deste campeonato ainda não acabou. Permitam os homens do apito. Será que existe alguma indicação superior que os impeça de assinalar o castigo máximo a favor do Benfica?

coagitado por Daniel Martins às 12:17

David Cameron teve ontem o primeiro revés, desde que recolocou os tories no número 10 de Downing Street. No fratricida confronto pela liderança do Labour, saiu vitorioso o caçula Miliband. David, o mais velho, representava o último resquício da desgastada Terceira Via, enquanto o vitorioso Ed se propôs a "radicalizar" a acção política dos trabalhistas. A diferenciação que Ed irá proporcionar ao grande partido da esquerda britânica, colocará o recém-eleito executivo sob pressão, sobretudo numa altura em que começa a colocar em prática a sua agenda liberal, cortando a direito as despesas com o estado social e ameaçando privatizar tudo o que seja serviço público em terras de Sua Majestade.

 

Brown e Blair empreenderam uma viragem ao centro que custou aos publicamente exauridos trabalhistas as últimas eleições, onde sofreram uma derrota de proporções bíblicas. O eleitorado tradicional fugiu para os Lib Dems, que inclusivamente garantiram o apoio de muitos sindicatos. Sindicatos que agora constituiram uma das chaves da inesperada vitória do Miliband que defende a causa ambientalista, o fortalecimento do papel das organizações sindicais, a importância do apoio à participação comunitária ou ainda o regresso dos britânicos ao multilateralismo diplomático.

 

No discurso de vitória, Ed vincou uma mensagem de mudança e de crença. Não sendo de Chicago, tem uma certa aura que acompanha os grandes líderes e pressente-se uma genuidade de espírito capaz de mover multidões. Prepare-se Cameron: a sua estadia em Downing Street não será  um mar de rosas e arrisca-se a terminar muito mais cedo do que o previsto.

coagitado por Daniel Martins às 12:14
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22 de Setembro de 2010

 

As recentes e controversas medidas tomadas pelo executivo gaulês no sentido de “livrar” os franceses de centenas de ciganos têm vários paralelos históricos. A década de 20 e 30 do século passado marcou o apogeu da emergência de movimentos e partidos de matriz xenófoba no Velho Continente, com especial destaque para o NSDAP na Alemanha e para o Partido Nacional Fascista em Itália. Apesar de terem ascendido ao poder de forma (relativamente) democrática, ambos acabaram por ter o poder absoluto nos respectivos países. Tanto Hitler, como Mussolini, agregaram grandes multidões à sua volta graças ao caminho apontado como salvação e saída da Grande Depressão. Não devemos perder de vista o citado móbil de crescimento de ambos os movimentos, nem podemos racionalmente analisar a conjuntura actual sem relembrar a criação de um “inimigo” comum (na altura, o comunismo) que sempre baliza e orienta a limitada paleta de princípios desta estirpe partidária.

Abre consecutivamente blocos noticiários e ocupa  e preocupa todos nós. O seu nome é crise. Não obstante a sempre perene presença, actualmente atinge níveis que só encontram paralelo com a famigerada Depressão. Fazendo disso proveito, papão socialista assola de forma mais notória os WASP americanos, mas também faz comichão a muito boa gente por essa Europa fora. Primeiro bode expiatório encontrado. Abundam no nosso e nos restantes “euro-burgos” os fazedores de opinião que insistem em culpar o estado social e o próprio Estado pela crise que se vive. Esquecem a matriz liberal que aqui nos trouxe e absolvem os Madoff desta vida, cuja vida pouco ou nada é afectada pelo tempo que corre.

O rodas baixas do Eliseu e a sua UMP não são, todavia,  caso virgem no continente que estranhamente se orgulha de ser o farol moral deste mundo. Bossi em Itália ou ainda o Vlaams Belang  na Bélgica consubstanciam um crescente movimento que assume contornos que não podem ser ignorados. Sob pena de um retrocesso civilizacional de consequências imprevisíveis. Se é verdade que grande parte dos movimentos europeus de extrema-direita não passam de meras organizações neo-nazis, outros há que colocam menos ênfase no revivalismo nazi e que centram a sua retórica na atribuição de culpa por todos os males às respectivas comunidades imigrantes, às minorias étnicas e/ou religiosas. O dado mais preocupante de todo este processo centra-se na aceitação que estes senhores têm vindo a encontrar junto das classes mais baixas, cada vez mais afectadas pelo desemprego e cujo horizonte enegrece a cada dia que passa. Adquirem uma aura messiânica e são olhados com imerecida respeitabilidade por quem devia desdenhar um “déjà vu” que não pode ser aceitável em pleno século XXI.

Infelizmente, o recente caso francês não é caso isolado e deve ser encarado como mais um de muitos que o antecederam por essa Europa fora. Não será o último e a discussão apenas começou. Aprendamos com os erros do passado e esperemos que a intrépida Reding seja exemplo a seguir. Chamberlain e a sua paz podre não é paradigma desejável para os dias de hoje. Ceder, neste momento, implica a aceitação de uma espiral que acabará por acarretar um fim previsível e escrito com o sangue de muitos nos anais da História.
coagitado por Daniel Martins às 11:06
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20 de Setembro de 2010

 

Joseph Ratzinger prossegue a sua demanda pela salvação da face da multimilionária organização que dirige. Na anglicana ilha, atribuiu as culpas dos males desta vida e da humanidade ao ateísmo e à ausência da mundividência dos crentes nos centros decisórios e no quotidiano de uma cada vez mais maioritária fatia da população. Recorre a sentimentos de rivalidade ancestrais e a memórias traumáticas, afirmando o suposto ateísmo do regime nacional-socialista de Hitler. Em suma, sacode a água do capote e dispara em todas as direcções. How christian of him...

Richard Dawkins respondeu à letra ao senhor do Vaticano durante uma manifestação de protesto contra a presença do antigo membro da Juventude Hitleriana em terras britânicas:

“Joseph Ratzinger is an enemy of humanity. He is an enemy of children whose bodies he allowed to be raped and whose minds he has encouraged to be infected with guilt. It’s embarrassingly clear that the Church is less concerned with saving child bodies from rapists than with saving priestly souls from hell. And most concerned with saving the long-term reputation of the church itself."

Repetidamente elogiado pelos "Césares das Neves" desta vida pela sua douta e iluminada cultura, Ratzinger podia fazer melhor. Ao referir o suposto ateísmo dos nazis comete um erro histórico e absolutamente propositado. Enquanto serviu o referido regime enquanto ajudante de campo, certamente teve oportunidade de observar a fivela do cinto que gentilmente lhe foi providenciado por Hitler e Cª. Na referida peça de metal lia-se Gott mit uns, ou seja, Deus connosco. Bastante ateu. Ademais será conhecedor da concordata assinada por Hitler e pela Santa Sé ou ainda das elogiosas palavras reservadas por Pio XI a Mussolini - um enviado pela Providência.

A pretensão de ver a primária crença numa entidade imaginária banida da vida humana parece-me utópica e completamente irrealista. Não o almejo, nem ouso imaginar. O que se pretende é reconduzir religiões e respectivos líderes ao seu devido lugar na sociedade. Dentro das igrejas a pregar a um número decrescente de fiéis. Lutando desesperadamente por encontrar o seu espaço num mundo cada vez mais esclarecido e revirando doutrinas ancestrais, tornadas obsoletas pelo avanço do conhecimento humano. Longe de crianças, se possível.
coagitado por Daniel Martins às 13:07

Carlos Cruz dispende a maioria do seu tempo a negar a prática de abusos sexuais de menores na TV. Ratzinger chega a qualquer parte do mundo e pede desculpa pelos abusos cometidos pelo clero no país anfitrião. Apesar de tudo, mais cristão.

coagitado por Daniel Martins às 13:05
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Li por acaso e adorei..
Claro que à esquerda não há extremistas. Sempre a ...
Danny, ganha juízo, pá
Temos os líderes que merecemos.
Não me ocorre nenhuma maneira melhor de passar um ...
Mas quando?
Gosto das ideias, mas deviam rever o grafismo do b...
Gostei! Continua assim, indomável...
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