A atribulada e titubeante apresentação do Orçamento não desviou os holofotes de um largo conjunto de medidas draconianas, que irá, garantidamente, conduzir o país a uma recessão, fazer disparar a já elevada taxa de desemprego e aumentar os níveis de pobreza. O aumento médio de 4% da carga fiscal e uma completa cegueira social tiram o sono a muitos portugueses. Todavia, a maior contradição de toda esta história surge ao analisar os dados macroeconómicos que serviram de plataforma para a elaborar o documento.
Contrariando primários postulados da ciência económica, Teixeira dos Santos prevê um crescimento de 0,3% apesar do aumento previsto da taxa de desemprego, de uma taxa de inflacção acima do suportável por uma economia exaurida, da queda abrupta do investimento público e da consequente quebra nas importações (e do mercado interno...). Aparentemente, o que irá garantir a fuga a uma crise recessiva serão as exportações, cuja previsão de crescimento estará assente sabe Deus e Teixeira dos Santos em quê. Os tradicionais mercados acolhedores de produtos e serviços portugueses não apresentam sinais indicadores de um 2011 pujante e toda a conjuntura parece demonstrar um abrandamento geral da economia global, muito por culpa pela subida de preço das matérias primas. Perante isto, acredito que a solução passará por alguma operação fora do comum, que permita arrecadar receitas extraordinárias. Talvez passe pela revenda dos submarinos, até porque o Tridente não se tem adaptado muito bem às águas do Tejo.