Portas, o Paulo, rejubila perante a perspectiva de voltar a ocupar um qualquer trono ministerial. AD é a palavra de ordem que perpassa o horizonte que ilumina o Caldas. Para os lados da Lapa, espera-se o cumprimento do sonho de Sá Carneiro, sem deixar cair o amigo de Rumsfeld, não vá o povo trocar as contas ao discípulo de Ângelo Correia. Os despojos deixados por um grupo de fulanos travestidos de socialistas não são desprezados pelos senhores que se seguem. Alternância democrática, com forte laivos de bipolarismo. Rawls não era fã, mas o povo anestesiado há muito se deixou de quimeras políticas.
José, o Sócrates, multiplica-se em iniciativas diplomáticas, esperando ser confundido com Lula. Nem uma palavra dedicada ao bicho papão da crise ou às constantes trapalhadas ministeriais. Dir-se-ia que o ainda inquilino de São Bento tenta esconder-se, que nem menino traquina, envergonhado pela última partida perpetuada no recreio. Com Bruxelas de portas fechadas, anseio por saber qual a próxima experiência a adicionar ao currículo de José, o homem que um dia se deixou iluminar por Sá Carneiro. Seguro de si, António José prepara-se para tentar trazer o socialismo de volta ao Rato.
A jogatana de sempre prossegue firme e segura. A factura chega na volta do correio e os destinatários persistem em não assacar responsabilidades aos senhores. Perdeu-se a crença no amanhã, quando o hoje se tornou realidade insuportável. Num ápice analógico, vejo-me numa fita de Meirelles. Cegueira endémica. Saramago dixit. Penso duas vezes. Nunca saí de Yoknapatawpha County.