Na próxima quarta-feira, milhares de "malandros que não querem trabalhar" (adicionar um ligeiro sotaque queque na leitura dos vocábulos entre aspas) sairão para a rua em protesto contra as draconianas medidas anunciadas pela junta de salvação dos mesmos de sempre: PSD e PS. O amorfismo que tolhe o discernimento de milhões tem necessariamente que ter um fim. Mais não seja, porque nesta realidade em que nos inserimos, todas as aparências e evidências desaguam num inevitável destino. Que hoje, ou quarta-feira, seja o dia!
Aqueles que persistem em camuflar o seu receio ou conformismo com a suposta inutilidade do grito de protesto não sairão vencedores. Tal como vencedores não sairão os que no trono de marfim persistem em perpetuar a estrutural pilhagem dos recursos de todos. Gosto de acreditar e não fujo do sincero lirismo, como se o apelo de voz inquieta pudesse despertar supostos deuses. Ou o mero sentimento geral de humanismo e de justiça. Vozes de burro não chegam aos céus, garante do outro lado da mesa alguém que no Restelo encontrou a última idade. De onde, em bom abono da verdade, nunca saiu.
Paremos e lutemos. Os incómodos infligidos em causa própria são incontornáveis, porém microscópicos se comparados com a conta que vai ainda e sempre chegar na volta do correio. Ápices chegam em que sou assolado por imparável vontade de agregar vozes e essências nesta sempiterna luta pelo que é inato ao ser humano: os sentidos de comunidade e de solidariedade. Razões que bastam. E tantas outras. Lá estarei.